10 dicas imperdíveis para jogar RPG de Mesa
RPG de mesa é um jogo que mistura nossa mais anciã habilidade que é contar histórias, com interpretação e lógica. Cada jogo será diferente, mesmo seguindo os mesmos passos, com os mesmos jogadores e mestre. Por isso, RPG de mesa – de mesa caracteriza pessoas reunidas em uma mesa para jogar juntos, assim como um jogo de tabuleiro – tem crescido tanto nos últimos anos. Dessa forma, dezenas de sistemas, ou jogos, são apresentados ano a ano para nós RPGistas. Logo, surgem constantemente novos entrantes para curtir o jogo, conforme audiodramas, podcasts e lives aparecem para mostrar um pouco de como jogar.
Assim, separei dez dicas imperdíveis para jogar RPG de mesa e é válido para todos os níveis de experiência com o jogo.
Chegue rápida na sua resposta:
- É um jogo de contar histórias!
- Crie uma boa história antes de contar a história.
- Analise o Comportamento do seu Personagem.
- Nada de Metagaming (Metajogo).
- A história é contada por todos.
- Dê asas à sua criatividade.
- Interpretar é opcional.
- Use música para envolver os jogadores.
- Leia livros de ficção e fantasia.
- Você não precisa de nada para jogar RPG, mas…
01. É um jogo de contar histórias!
Quando Gary Gygax, criador do D&D, resolveu colocar narrativa em seus jogos de wargame e envolveu os jogadores que ficam apenas combatendo entre si com histórias maravilhosas, em que todos contavam “a sua parte”, o jogo ganhou vida.
Anteriormente falei que nossa habilidade mais ancestral é contar histórias, mesmo quando a gente não falava. Desenhos em cavernas e esculturas contam histórias assim como nossas palavras e ilustrações, por exemplo. Dessa forma, o jogo de RPG é um ambiente para se contar histórias de forma livre e juntos, jogadores e mestre, podem chegar em eventos incríveis. Há cenas que ficam na minha memória e não se apagam.
Portanto, a primeira dica é: se jogue no jogo. Isso mesmo, coloque sua criatividade à prova, brinque e interprete. Se envolva com o seu personagem e cenário e crie com seus amigos. Faça uma boa história para o personagem, analise como ele irá se comportar e lembre da regra: se for divertido tá valendo.
No final de tudo, não são as rolagens ou um detalhe na ficha que fará a diferença. São momentos que você lembrará. Por exemplo:
- Quando o jogador Snow na minha mesa de Cyberpunk 2020 saltou por 2 carros esquivando de balas e conseguiu saltar sobre um inimigo amputando sua perna. (Amputar é parte da mecânica do sistema de Cyberpunk 2020)
- Na mesma mesa o jogador Pedrinho resolveu instalar uma IA em sua mente – total fora da regra do jogo, mas eu permiti – e sua interpretação e decisões dos personagens foram alterando de acordo com a IA consumindo a cabeça dele. No final, todos os jogadores estavam querendo proteger a IA e queriam mais jogo.
- Fizemos uma one-shot com todos os jogadores em nível 20 e os jogadores, ao invés de se conectarem com o personagem do mestre, ficaram zuando e foi um pré-combate muito engraçado (e memorável).
Por mais que haja regras, o jogo no final será lembrado pelas histórias e momentos, além das amizades criadas. Lembre-se disso e se jogue.
02. Crie uma boa história antes de contar a história.
Essa é uma dica para mestres de RPG e jogadores! O grande segredo de uma boa aventura é a história que precede o jogo. Ou seja, a preparação do jogo é responsável pelo sucesso de tudo que acontecerá lá na frente. Dessa forma, ouso dizer que 80% do trabalho está na Sessão Zero e Sessão Um. Se não há um bom início, se não há algo que motive verdadeiramente os personagens ou se não há uma conexão entre jogadores, a mesa está fadada a morrer e o final da história poderá não acontecer.
Portanto, se você for jogador, crie uma boa história de fundo (backstory) para o seu personagem. Dê material para o mestre trabalhar e se envolva com o personagem. Dessa forma, perceberá que seu personagem faz a diferença na história e que a narrativa foi moldada para você. Perceberá seus NPCs e características apresentadas ganhando vida conforme as sessões avançam.
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Agora, mestre de RPG, você também precisa preparar uma boa história para apresentar aos jogadores, antes mesmo deles criarem seus personagens. Você é responsável por CRIAR CONTEXTO para tudo. Portanto, crie a história do mundo, através de um processo legal de Worldbuilding, crie um cenário interessante e uma campanha envolvente, crie um vilão que seus jogadores amarão derrotar e crie a conexão dos personagens com a história. Pois, eles são os verdadeiros protagonistas. O mestre de RPG é o cenário e os jogadores é que exploram, combatem, interagem e coletam no seu cenário. A ação dos jogadores é que cria a história!
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03. Analise o Comportamento do seu Personagem.
Uma coisa que muitos jogadores se perdem ao longo de uma aventura é o comportamento do personagem. Depois de um tempo parece que personagem e jogador se transformam em apenas uma pessoa. Porém, essa mistura nem sempre é benéfica para o jogo ou para o personagem.
Um bom jogador sabe separar as suas vontades e desejos, do comportamento do seu personagem. Muitas vezes, eu como jogador queria fazer algo, mas não fiz pelo simples fato que aquela ação, por menor que seja, corromperia os valores e ideais do meu personagem. Por isso que é muito importante o ponto 02 – criar uma boa história de fundo – para que você saiba o motivo das decisões que você toma.
Não é sobre apenas rolar alguns dados e entrar em combate. É sobre, às vezes encontrar novas soluções e agir diferente. Numa mesa do mestre Vitão eu fui o Bug-Uri 77, um robozinho forte, mas ele era muito amigo e tinha uma pegada espiritual. Portanto, ele queria fazer amizade e não guerra. Quantas vezes, me ausentei de combate? Inúmeras. Não era parte do seu comportamento. Porém, certa vez uma amiga foi tomar um tiro e Bug-Uri que ficava “só passando a vez” saiu e pulou para defender a amiga.
Esse é só um exemplo para ilustrar decisões. Portanto, a grande pergunta que você deveria fazer sempre é: meu personagem faria isso? Por que ele tomaria essa decisão?
04. Nada de Metagaming (Metajogo).
Primeiramente metagaming significa, de forma rápida e simples, usar as informações que você obtém ou sabe como jogador dentro das decisões do seu personagem. Ou seja, você sabe que o seu colega está passando por uma situação difícil em um ambiente da taverna, mas seu personagem está curtindo com os amigos no salão principal. Do nada, seu personagem sai correndo para ajudar, pois você como jogador não quer “deixar ele morrer” ou “se ferrar”. Só que seu personagem não sabe disso. Apenas você jogador!
Portanto, você sempre deve pensar no motivo da sua ação e se ela é fundamentada para não perder a lógica da história. Lembra que eu falei que RPG de mesa é um jogo de criatividade, interpretação e lógica? Se a história perde a lógica, fica sem sentido, fica desinterassante, fica chata e por fim… morre.
Um outro exemplo é saber que seu amigo mago tem uma magia que pode ajudar, mas seu colega não lembra dessa magia (ou não quer usar) e você pega seu personagem e diz: “usa a magia X“. Você como jogador pode saber a ficha de todos, mas seu personagem não sabe. Então foque no que você tem e sabe e dia não ao metagaming – isso realmente estraga o jogo de RPG.
A gente ousa dizer que existem dois tipos de jogadores de acordo com a maturidade e não idade, ok?
O jogador infantil é aquele que quer levar vantagem em tudo. Está focado em vencer ao invés de vivenciar a história. Portanto, esse jogador usa o metagame para tentar fazer de tudo para matar monstros e obter vantagens.
O jogador maduro é aquele que coloca a narrativa em primeiro lugar, sabe usar bem seu personagem e não se apropria de nenhum tipo de metagaming. Ele sabe porque seu personagem age e fala o que fala. É um jogador bem observador, mas não usa das informações para levar vantagem. Se seu personagem morrer ou de um colega, sabe que faz parte da história e da lei de causa e consequência. Pois, no final, é uma história contada por todos.
05. A história é contada por todos.
O RPG de mesa é um jogo de contar histórias, certo? Portanto todos que estão na mesa são responsáveis pela história. Desde a sessão zero até o último encontro. Assim, o mestre de RPG e os jogadores são co-criadores.
É muito comum encontrarmos mestres de RPG que querem ser os donos da história e que os jogadores façam o que ele quer. Infelizmente é uma prática comum e este se torna um mestre com poucos jogadores. Diferente do mestre que sabe dar o protagonismo e o poder da história para quem está em sua mesa. Esse tem até fila de espera!
Os mestres da Academia de Mestres de RPG, por exemplo, acabam tendo uma aceitação maior dos jogadores, pois eles conhecem o jogo por trás do jogo. Eles sabem qual é a dinâmica e as estratégias para envolver os jogadores e curtir a história.
Aliás, você pode acessar a Academia de Mestres de RPG, pois agora é gratuita graças aos nossos apoiadores.
Outro lado da moeda são os jogadores estrelas. De verdade, jogadores chatos pra caramba. São jogadores que querem a história envolvendo apenas seus personagens, roubam o protagonismo o tempo todo, falam mais que a matraca e precisam de terapia! Tá, um mini desabafo. Porém, são jogadores que estragam o jogo, pois não respeitam o tempo dos outros e querem “comandar” o jogo.
Com este ser humano, os mestres de RPG precisam ativa o atributo liderança e controlar esse cara aí.
Aqui vai uma dica para os mestres de RPG, como liderar o jogador estrela:
06. Dê asas à sua criatividade.
O RPG de mesa é um jogo para a gente exercitar a nossa criatividade. Um lugar para a gente brincar, testar e expor nossas ideias sem julgamentos e críticas, e sempre com respeito a todos os envolvidos.
Portanto, você pode experienciar viver um jogador bonzinho e que ajuda a todos ou um jogador porreta e que quer ver sangue e morte. A história permite a gente fazer o que quer, respeitando a história e criação do personagem, como falei acima sobre comportamento.
Assim, deixe fluir o que você curte e leve sua imaginação para bem longe. Eu, como mestre, adoro ver meus jogadores inovando e criando. Sempre surge algo incrível que eu jamais pensaria. Dessa forma a gente vê o poder do pensamento conjunto. Várias cabeças pensando e criando é melhor do que uma cabeça sozinha.
Dica pro mestre: se você observar que seu jogador está criando coisas novas. Não interrompa, dê o suporte e valide a ideia do jogador. Na pior hipótese, que eu só precisei fazer uma vez em toda a minha história de narração, foi dar o contexto para o jogador afinar “a ideia”. E lembre-se: Se você como mestre apoia novas ideias, mais chegarão. Se você apoiar, todos os outros jogadores apoiarão.
Dica pro jogador: RPG de mesa é um jogo sem limites. Faça experimentos e se divirta com a lei da causa e consequência.
Um dos lugares que eu, particularmente, mais gosto de brincar com a minha criatividade é no processo de Worldbuilding, que garanto em dizer, que ficou mais legal com o curso de Worldbuilding que o Mestre Vitão criou para a Nuckturp, além de criar personagens para as minhas aventuras.
07. Interpretar é opcional.
Existe um mito dentro do mundo do RPG de mesa de que todos os jogadores precisam ser dubladores, cosplayers ou jogadores de LARP. Porém, isso passa muito distante da verdade. Um bom jogador de RPG é alguém que entende o cenário, conhece seu personagem e se engaja na história.
Os melhores jogadores de RPG que eu tive o prazer de jogar não faziam vozes ou se vestiam como seus personagens. Mas eram muito coerentes em suas ações, estavam imersos no jogo e além de jogar, vivenciavam o jogo entre sessões que me estimulava a criar e ir além.
Gosto de dizer que voz e imagem são perfumes ou cosméticos. Não precisa estar ali, pois não é essa a essência do jogo, mas se tiver será legal para apreciar.
Portanto, se você quer jogar RPG e tem receio, pois acha que é um bando de louco fazendo vozes e atuando de forma estranha. Lembre-se que isso é apenas parte da perfumaria que a gente faz para deixar o jogo mais imersivo, mas não é nada obrigatório.
08. Use música para envolver os jogadores.
Um dos primeiros sentidos desenvolvidos pelo ser humano ainda na barriga da mãe é a audição. Através do som a gente se localiza, se equilibra e, além disso, sente o ambiente. Músicas dão o tom do dia e do jogo. A gente consegue saber como uma pessoa está se sentindo pelas músicas que escuta, não é mesmo?
Agora vamos fazer uma brincadeira. E se você assistisse um filme sem trilha sonora? Seria CHATO demais, você não conseguiria se envolver. Agora colocando algumas músicas, nem que seja apenas ambiente, você consegue dar um toque especial para a sua mesa de RPG e amplia a imersão dos jogadores.
O mestre Vitão fez um post com algumas dicas de músicas para sua mesa de RPG aqui. Confere lá.
Porém, você pode dar o tom que quiser para sua mesa. Apenas lembre que uma música tecnológica e futurística não cabe bem numa taverna medieval e vice-versa.
09. Leia livros de história e ficção.
Uma das melhores maneiras para criar histórias é vivenciar algumas. Dessa forma, há coisas que a gente aprende em livros, pois estes são contadores de histórias que usam a nossa imaginação como ferramenta construtiva. Por exemplo, ao ler Harry Potter você tem muito mais informações e elaborações mentais do que ao assistir um filme. Ao ler você está num modo criativo ativo! Ao assistir um filme seu cérebro só absorve e não cria nada. É claro que cada um tem seu tom de diversão, porém é inegável que a leitura de um livro de ficção e fantasia ativa muito mais partes do cérebro do que ficar apenas absorvendo as informações entregues por uma tela.
Não se engane, eu amo um bom filme e série, mas para o contexto da criatividade, narração e apresentação de fatos, nada melhor do que se inspirar em livros.
Há pessoas que gostam de narrar como Tolkien, outros como a J. K. Rowling. Tem gente que gosta de apresentar o mundo como Neil Gaiman e assim por diante. Você descobre inúmeros gêneros narrativos conforme explora suas leituras.
Ao ler e ao ver outros mestres narrando, você perceberá o que te desperta interesse e o que faz seu olho brilhar. Assim, você sabe que pode copiar ou adaptar esse estilo para a sua mesa de RPG, para seu personagem e assim por diante.
Faz sentido?
Além disso, as histórias de livros, filmes e séries podem ser fonte de inspiração para a sua campanha de RPG. Que você pode desenvolvê-la usando este material aqui.
10. Você não precisa de nada para jogar RPG, mas…
Se há uma verdade sobre o RPG de mesa é que você não precisa de nada. Apenas sua voz ou um cana de comunicação. Porém, a gente sabe que quanto mais a gente entra no mundo do RPG, mais a gente começa a querer algumas coisas. São livros, dados, bonecos e miniaturas, mapas, construtores de mapas, sistema de jogo virtual e assim por diante.
Portanto, aqui vai uma dica muito importante!
Continue seguindo a Nuckturp e apoie o nosso projeto, para você ter tudo o que precisa para jogar RPG. Sim, no nosso programa de apoio, você tem diversos benefícios, uma comunidade de qualidade, além de ter mesas de RPG para jogar. Mais importante, você ainda tem a nossa opinião sincera sobre o que comprar e o que não precisa, a não ser que você seja um colecionador, aí pode comprar tudo!
Portanto, aqui vai um convite! Entre no nosso financiamento coletivo e ajude a gente a expandir a Nuckturp e a chegar para mais e mais pessoas. Você não precisa de nada para jogar RPG, mas a gente está aqui para te dar tudo o que precisar.