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Capítulo 1 de “O Último Arcanista – Fugindo da Escuridão”

Caso você ainda não saiba, o primeiro livro em Nuckturp (O Último Arcanista Fugindo da Escuridão) foi lançado na Amazon! Nele você poderá vivenciar as redomas de Nuckturp. Sim! Caso você ainda não soubesse, Nuckturp é um país de redomas subaquáticas no continente de Nindäle.

Nesta aventura você poderá vivenciar uma épica e profunda saga. Um menino de rua estudioso, um ríspido taverneiro misterioso e uma inteligente e sedutora artífice se juntam para uma mesma missão: fugir de Talindre, a capital de Nuckturp e última redoma existente.

O Último Arcanista - Fugindo da Escuridão - V.C.Gimenes - Nuckturp
Capa do Livro “O Último Arcanista – Fugindo da Escuridão”, ilustração por Gustavo Nobre

Inicialmente o motivo da fuga é simples: proteção. Após ganhar poderes mágicos, Eldrin se vê entre a tentativa de devolver seus poderes e de fugir dos guardas que o caçam. Tudo isso porque o povo acredita que a magia foi a responsável pela destruição do mundo.

Porém, nem tudo é o que parece. Uma rede de mentiras é revelada conforme inúmeros misticismos se fazem presentes nessa jornada. Dessa forma, a fuga se torna também uma forma de encontrar algo que ninguém mais acreditava ser possível: a vida na superfície.

E, para você, leitor do blog da Nuckturp, trazemos uma novidade: o primeiro capítulo do livro na íntegra! Sim, aqui, neste texto, você poderá vivenciar como essa jornada se inicia. E, se esse início te impactar, vemos você do outro lado – na superfície.

Capítulo 1 – Uma Visita Inesperada

Eldrin, apesar das luzes apagadas da redoma, não conseguia dormir. É amanhã, finalmente chegou o dia. Olhou para cima e, através dos furos de sua barraca, viu o reflexo de seu pequeno lar na redoma de vidro que cercava a civilização de Talindre. Do outro lado da proteção, um cardume nadava, observando com curiosidade a vida que dormia ali dentro. O menino levantou-se, caminhando em direção aos peixes. 

Seus passos leves contra a úmida mistura de grama e terra eram silenciosos, mas os seus arredores não. As tavernas e estalagens estavam iluminadas e lotadas de pessoas que cantavam, dançavam e se embriagavam, tentando se aquecer na fria madrugada de Talindre.

Eldrin se aproximou do vidro e colocou as duas mãos nele, observando atentamente o reflexo de seu pálido e fino rosto. Esboçou um pequeno sorriso de olhos úmidos enquanto encarava uma outra imagem acima da sua: o da Cidade Alta, com seus altos, tecnológicos e sempre iluminados castelos e construções.

Passou a mão pelo vidro, sentindo-o e o estudando. Vão perguntar sobre você amanhã, né? Espero que sim. Sorriu ao pensar em tudo o que estava por vir. Um dos peixes se separou do nado sincronizado e aproximou-se dos dedos do menino, tentando pegá-los. Movendo-os de um lado para o outro, Eldrin brincava com o animal, que o seguia com afinco e insistia em abocanhar a sua pele.

Porém, em um movimento súbito, o peixe nadou rapidamente para longe de Eldrin e se juntou ao resto do cardume. Buscando entender o motivo da fuga, o menino notou uma substância negra junto à água que batia contra a redoma. Será que eles têm medo disso aqui? 

A imensidão do lado de fora da redoma estava escura como sempre. E ele estava ali, na zona segura, protegido da Escuridão por mais um dia. Virou seu corpo e o encostou no vidro, esfregou suas mãos em seus próprios braços, tentando se aquecer, e encarou a cidade de Talindre.

No centro da civilização, a Cidade Alta brilhava. Ao redor dela, inúmeros municípios, vilarejos e fazendas da Cidade Baixa se entrelaçavam. Envolvendo toda Talindre, a redoma: uma semiesfera transparente, larga e com centenas de metros de altura em seu centro. 

— É amanhã, mãe. É amanhã que eu vou para a Cidade Alta — sussurrou, abrindo um pequeno sorriso saudosista. Vou revisar o conteúdo para a prova, pode deixar, pensou, fechando os olhos e repassando em sua mente o texto que escreveria no dia seguinte.

Talindre é a única cidade que restou do continente de Nindäle. É cercada por um enorme contingente de água chamado “A Escuridão”. O que nos separa dela é uma gigante redoma esférica, composta por vidro arenoso e encantamentos feitos por uma poderosa mistura de ciência e magia. A redoma impede que qualquer criatura amedrontadora ameace a civilização. 

Durante a Grande Guerra, Talindre foi um refúgio construído para proteger todos da Fúria do Oceano. Aqueles que acreditaram que esse cataclisma iria inundar tudo mudaram-se para dentro da redoma. Assim, milhares de pessoas passaram a viver aqui dentro. Quando a inundação de fato aconteceu, apenas quem estava protegido sobreviveu.

Séculos depois, as pessoas que se abrigaram na redoma passaram a formar uma população de mais de um milhão de habitantes, distribuídos entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta. Na Cidade Baixa se concentra a maioria dos habitantes, que cumprem a função de criar alimento e matéria-prima para Talindre. Na Cidade Alta, moram os governantes e estudiosos que dedicam suas vidas a manter a redoma funcionando.

O Rei Velthus já nos governa há quase um século. Ele se tornou rei após… após… droga, eu sempre esqueço essas coisas chatas de história.

Seu raciocínio foi interrompido quando a porta da taverna de Gerrard se abriu, iluminando a rua, e uma voz grave lhe chamou.

— Eldrin?

— Senhor Gerrard?

— Ah, você chegou! — A larga figura do homem emergiu das sombras, indo em direção a Eldrin. A luz refletia em seus longos e finos cabelos lisos e negros penteados para trás. O homem parecia sorrir, mas era difícil dizer ao certo, já que seu largo bigode escondia a boca quase completamente. Ele limpou as mãos em seu avental branco encardido e ajustou a justa camisa, que parecia prestes a rasgar devido ao tamanho de seus músculos. — Ué, chegou cedo hoje?

— Sim, estou revisando o conteúdo da prova. É amanhã, lembra?

— A prova seletora é amanhã?! Pelos Dragões, eu esqueci completamente. Por que você não me avisou? — Passou a mão novamente pelo avental. — Eu teria fechado a taverna para você dormir em paz. A gente não tinha combinado isso? — Gerrard encostou-se no vidro da redoma, ao lado dele, e o imitou cruzando os braços para encarar a cidade.

— Ah, tinha… Mas a Álex me deixou estudar até tarde, e quando eu cheguei já tinha muita gente ali dentro.

— Mas que droga, agora estou me sentindo culpado. Enfim… — disse exalando ar pela boca. — Já que você está acordado e o pessoal ali está começando a dormir, fique pelo menos em um lugar quente, venha.

— Ah, eu não quero atrapa…

— Não vou pedir duas vezes! — Gerrard disse, já caminhando em direção à taverna.

— Ah, está bem! — Eldrin, todo curvado, o seguiu para dentro.

— Você já jantou? — o homem abriu a porta da taverna. 

Antes que Eldrin respondesse, as vozes cessaram. O menino levantou a cabeça e percebeu que todos o encaravam. O local era pequeno, construído com madeiras velhas e escuras. 

— Calma, gente, é só o Eldrin sem avental! — Gerrard completou com um tom áspero — Parece até que vocês viram um Kraken ou algo assim.

— É… a Álex me deu uma porção de guisado umas horas atrás, senhor Gerrard — Eldrin respondeu, conforme as pessoas ainda acordadas voltavam a conversar. O local estava abafado. Os frequentadores eram todos adultos, camponeses e aldeões da Cidade Baixa. Alguns deles encaravam Eldrin com um olhar de pena, já que era a primeira vez que o viam em seus trajes cotidianos. Mantendo o olhar baixo, o menino seguiu Gerrard até o balcão, virando as costas aos demais.

— Sente-se, vou te servir algo. E depois, como combinado, você vai dormir aqui dentro. Amanhã é um dia importante para você, afinal de contas! — ordenou o homem conforme pegava uma tigela e a preenchia com uma curiosa mistura aquosa de cogumelos, ervas e folhas.

— É… obrigado. — Eldrin expressou gratidão com seus olhos ao homem que simplesmente acenou com a cabeça. O menino pegou a tigela com as duas mãos e a virou em direção à boca. O conteúdo estava aquecido, emanando uma fumaça que ia aos poucos igualando a quente temperatura externa com a interna de seu corpo. O gosto era diferente, como todas as receitas de Gerrard que provara. Com um toque amargo e ardido, aquela espécie de sopa de vegetais tinha algo delicioso que Eldrin não sabia definir.

— É uma mistura especial — Gerrard disse, apoiando os cotovelos no balcão e aproximando seu rosto do de Eldrin. — Essa sua cara estranha é porque está ruim? — questionou com uma voz severa.

— Ah n-não, m-muito pelo contrário. Está muito bom! Só… achei diferente. — respondeu envergonhado, pensando se havia deixado transparecer sua dúvida.

— É diferente mesmo, você acha que vou cozinhar só carne de ovelha ou frango, igual a todos os outros? — ele respondeu ainda sério, colocando um pedaço de pano em seus ombros.

— Ah, desculpa! Eu não quis… — O menino se curvou, ainda mais envergonhado.

— Desculpa? Que isso, menino! Só coma tudo, fará bem para sua mente. Está se sentindo preparado para amanhã?

— A parte escrita sim, a parte física… Não tem muito o que fazer, né? — ele disse, lembrando-se das múltiplas vezes em que fora humilhado no pátio de treinamento de luta da escola.

— Você sabe que isso não é verdade. Quantas vezes eu me ofereci para te treinar? — perguntou com rigor em sua voz.

— Ah, eu sei. Acontece que, se eu treinar, não trabalho, e… se eu não trabalhar, não vou comer. E… eu preciso comer para conseguir estudar, pelo menos uma comida por dia — ele completou, sentindo-se feliz pela segunda refeição que estava tendo naquele dia.

— Eu sei, eu sei… mesmo assim… — completou, coçando os olhos e respirando fundo. — Pelo menos com isso você não terá problemas na Cidade Alta, tá?

— Isso… o quê? A comida? — Eldrin questionou, sem saber se Gerrard falava de trabalho, do treino físico, da comida ou dos estudos.

— Tudo, Eldrin. Tudo! — completou, irritado. — Termine de comer, eu já volto.

— Está bem — sussurrou o menino, sentindo-se culpado por ter incomodado Gerrard.O barulho diminuía ao redor de Eldrin enquanto ele saboreava a última porção de seu jantar. O silêncio de alguns, misturado ao ronco de outros, ia aos poucos dominando o local. Uma corrente de ar frio entrou na taverna assim que a porta se abriu e o menino começou a se despedir dos últimos frequentadores que iam se retirando. Então, alguns minutos depois, não havia mais nenhum barulho ali. Sentindo seu corpo quente novamente, abriu um sorriso tímido e, de olhos fechados, pensou: Obrigado, Dragões. Bocejou, sentindo o cansaço finalmente dominar sua mente. Seus olhos insistiam em fechar, por mais esforço que fizesse para mantê-los abertos. A cada longa piscada, seu corpo acordava em um susto. Até que, enfim, eles se fecharam por completo.


Um enorme estrondo acordou Eldrin de seu profundo sono. Suas pupilas estavam demorando a se acostumar com o ambiente, e uma luz fustigante impedia que ele visse sequer onde estava. Sentiu abaixo de si não a dureza da madeira da cadeira, mas uma superfície confortável. Seu corpo estava mais quente do que o normal. Colocou a mão direita na superfície macia, fazendo força para se levantar. Foi então que percebeu que estava deitado em um colchão pela primeira vez em sua vida. 

A luz desvaneceu-se e seus olhos se ajustaram ao ambiente. Eldrin estudou o lugar ao seu redor. Estava em um quarto com paredes de uma madeira escura e envelhecida. 

Ge-Gerrard? — sussurrou, tentando compreender o que estava acontecendo ao ver uma pessoa rastejar pelo chão.

Eldrin sentiu o palpitar do seu próprio coração. A pessoa de cabelos negros trançados usava uma roupa feita inteira de folhas de cordas. Eldrin olhou atentamente e percebeu se tratar de uma menina morena e castigada com marcas vermelhas e roxas, tão magra quanto ele. 

Com um movimento astuto, Eldrin foi para o canto da parede. Envolveu-se completamente com o cobertor, tentando se proteger, deixando apenas os olhos arregalados de fora. Sua respiração estava ofegante e seu corpo, paralisado. A menina respirava com dificuldade, agora apoiada com os joelhos e os cotovelos no chão. Com dificuldade, ela se sentou e olhou para Eldrin. 

— Te encontrei, menino. — Sua voz era serena e machucada. Ela esboçava um curto sorriso, que chegava aos seus olhos, negros como a Escuridão, e tinha sua expressão doce como uma ambrósia.

— Como é? — gaguejou Eldrin, tremendo por inteiro, tentando compreender aquela cena.

— Acalme-se, menino, está tudo bem! — A menina tentava manter os olhos abertos enquanto respirava com dificuldade. 

Eldrin percebeu que, apesar de não sangrar, ela tinha vários machucados. 

— Quer dizer, vai ficar tudo bem, não vai?

— Mas… o que está acontecendo? — Seus olhos lacrimejavam, a dúvida o dominava.

— Você vai entender tudo…. — Ela puxou todo o ar que conseguiu antes de completar a frase — … com o tempo. I-isso aqui te… te pertence. — A menina lhe mostrou uma pedra escarlate do tamanho de sua mão. A joia era perfeitamente arredondada de um lado e inteiramente quebradiça dos outros. Dentro dela, uma luz pulsava como as batidas de um coração, e isso fazia com que a joia emitisse uma luz avermelhada ao seu redor.

— Me pertence? — Eldrin gaguejou, confuso e com medo. Ele se aproximou da menina. Algo no olhar dela o fazia se sentir mais tranquilo.

— Sim. E eu vim tra… — Ela respirou fundo com muito esforço. — Trazê-la para você — disse por fim, esboçando um sorriso, de olhos quase fechados. — Você deve tocá-la e… en… en… contrar as… as outras. — O corpo dela estava prestes a desabar.

— Não, moça, calma, me explique… — Eldrin, agora curioso, se aproximou dela.

— Não tenho tem… tempo. A joia te dará as respostas… — A frase saiu como um suspiro e seu corpo tombou ao chão. A menina mantinha os olhos abertos, que encaravam Eldrin. — Eu te encontrei. Agora é… é a sua vez de… de me encontrar. — Ela não tinha mais forças, cedeu por completo e a joia rolou de suas mãos para o meio do cômodo.

— Não! Não, moça. Por favor, acorde! — Eldrin suplicava enquanto se aproximava da menina. Seu coração estava acelerado, sua mente estava confusa e buscando por respostas. Ele se ajoelhou ao lado do corpo e a fitou dos pés à cabeça, procurando uma pista, uma explicação. O medo o dominava por completo e seus olhos lacrimejavam, unindo-se ao desespero que estava sentindo. 

— GERRAAAAAAAAAARD! — O grito colocou todo seu medo para fora. 

Eldrin ouviu passos rápidos contra a madeira e, em poucos segundos, a porta se abriu. Gerrard, ainda com seu avental, parou na entrada do cômodo, analisando a cena. De olhos arregalados, olhou para a cama e depois para o chão. Um lampião no canto do quarto era toda a iluminação que existia ali e ele conjurava a sombra de Eldrin e da menina contra a parede. Franzindo o cenho, o taverneiro encarou os dois. 

— Mas que mer… — Antes que completasse, os olhos dele encontraram a joia que estava agora entre a porta e a cama e ele ficou estático.

— Ela… ela está morrendo, Gerrard! Me ajude! — Eldrin disse com a voz e corpo trêmulos, tentando segurar a menina e encontrar algo que pudesse ajudá-la. — Gerrard, por favor!

— Mas… não, não é possível! — ele sussurrou ainda atônito, encarando aquela pedra. Lentamente se aproximou da menina, com o olhar fixo. Ajoelhou-se e a observou de perto. Seus olhos refletiam a luz que pulsava ali dentro.

— GERRARD, POR FAVOR! — Eldrin largou a menina e se aproximou do taverneiro. Ele o segurou firmemente pelo avental, puxando-o. Entre os dois, a joia pulsava o seu brilho escarlate. — Ajude ela! — Sua voz era uma mistura de medo e esperança.

— Não… não é possível! — ele repetia, sem piscar.

— OLHE PARA MIM, GERRARD! — Eldrin disse, tirando as mãos do peito do taverneiro e indo em direção à pedra.

— ELDRIN, NÃO! — ele gritou, segurando o menino pelos braços, tentando impedir que ele se aproximasse do objeto escarlate luminoso. Mas, no meio dos súbitos movimentos de ambos, tudo que o taverneiro conseguiu fazer foi encostar na joia junto com Eldrin.

As mãos de ambos se prenderam ali. Eldrin sentia uma energia pulsar dentro de si. Tentaram desgrudar suas mãos, mas parecia uma tarefa impossível. A luz que pulsava dentro da joia agora se conectava com as mãos e dedos deles. Grunhiam enquanto a mexiam de um lado para o outro, insistentemente. Eldrin sentia seu coração palpitar ainda mais rápido, a fraqueza de seu corpo o dominava por completo à medida que aquela luz se expandia. E, em poucos segundos, ela iluminou aquele quarto inteiro, com pulsações que criavam lufadas de vento que moviam a cortina e os lençóis. A porta do quarto se fechou com um estrondo. O cômodo se tornou uma fonte de luz. Eldrin estava de olhos arregalados e assustado. Gerrard gritava, entre grunhidos. 

— DE. NOVO. NÃO! — A luz agora penetrava na mente de Eldrin e, ali, uma visão se formava.

Fogo, caos e destruição. Ele via claramente e tudo parecia queimar: vilas, animais, homens, mulheres e crianças. Estavam todos sendo transformados em cinzas que voavam com o vento em vez de voltarem à terra. E, ao voar, elas se desfaziam, como se nunca tivessem existido. Mães e pais choravam. Homens e mulheres lutavam em um campo aberto, mas eram dizimados por torrentes de fogo. Bebês chorando eram abandonados em meio a uma imensidão de areia. Uma árvore com quilômetros de altura surgia no horizonte. Seu tronco era cinza e seus galhos retorcidos não tinham folhas. A árvore pulsava, como um grande coração, e, a cada pulso, um galho se quebrava. Um a um, todos iam ao chão. Até que ela não tinha mais galhos. E, então, as chamas dominaram também a grande árvore, diminuindo seus batimentos. E de batimento em batimento, ela foi se quebrando. Seu tronco, cada vez mais rachado, até que uma rachadura se esticou do chão ao topo. A árvore explodiu em infinitos pedaços, que caíram contra a água. Eldrin viu a terra se juntar com a umidade e um pântano se formar. Uma névoa que parecia ter vida própria dominava o lugar. Os insetos cantavam e o escuro era tudo que havia ao seu redor. Estava sozinho. Um calafrio passou pelo seu corpo. O medo o castigava. “Venha, venha até mim!”, uma voz feminina e macabra surgiu no horizonte. “VENHA!”. Eldrin sentiu seu corpo ser empurrado para o meio do pântano e então a visão sumiu.

Arregalou os olhos e encarou seus arredores. Seu coração palpitava forte, suas mãos tremiam e lágrimas caiam. Estava com dificuldades de respirar. Largou a joia no chão. Gerrard já havia se soltado dela e olhava atônito para Eldrin, que rastejou para perto da cama e se envolveu em seus próprios braços, soluçando. Um turbilhão de pensamentos o dominava e o prendia. Múltiplos caminhos e informações se cruzavam e ele não sabia qual seguir para entender uma fração do que estava acontecendo.

— Eldrin. — A voz de Gerrard surgiu no horizonte, silenciando sua mente momentaneamente enquanto trocavam olhares assustados. Ambos tinham uma aura branca que os cercava, dançando ao redor deles. — Sinto muito, mas… você não vai poder fazer a prova amanhã.

Gostou do Primeiro Capítulo? Leia o livro na íntegra!

Este é apenas o primeiro capítulo da Saga. Se estiver curioso para descobrir o que significa tudo o que aconteceu nessas primeiras páginas, essa é a sua chance!

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Prepare-se e junte-se a nós em Talindre. Será que vamos descobrir se ainda existe vida na superfície?