Como começar a interpretar personagens no RPG
Uma das partes divertidas de se jogar RPG é interpretar personagens e NPCs (personagens não jogáveis). Ainda mais quando você dedica um bom tempo para criar um background de personagem forte e envolvente.
Dentre minhas atividades favoritas como jogador de RPG eu coloco a criação em primeiro lugar, porém ela fica muito mais rica com a interpretação correta.
Quando interpretar seu personagem de RPG?
A melhor maneira para saber o momento certo de começar a interpretar seu personagem é saber se você já tem domínio de sua ficha e do sistema. Pois conforme você pega domínio do seu personagem vozes e movimentos aparecerão na sua cabeça, ficará envolvido na história e precisará consultar as fichas poucas vezes.
Como assim? Surgirão do nada?
Sim, desde que você tenha uma imagem mental do personagem guardada na sua cabeça, que você construiu no seu background. Pois você tem a imagem ou foto que pegou no pinterest (provavelmente).
Enquanto pegava a foto, imaginava os seus movimentos e tom de voz, e por fim imaginou suas reações enquanto escrevia sua história. Não é verdade?
Se você for igual eu, o jogador ator, rapidamente quer desenvolver seu personagem para interpretá-lo bem, se emocionar e dar boas risadas.
Leia esse post para entender os tipos de jogadores.

Interprete seu personagem em 4 passos simples.
Separei para você meu método rápido e simples para aprimorar minha interpretação de personagem.
01. As decisões corretas!
Muitas pessoas começam o RPG com um personagem e acabam terminando com outro. Como assim a pessoa troca na hora? Não, a pessoa esquece as premissas dele.
Quando começar a interpretar esqueça voz, gestos e outras firulas teatrais que são legais, porém só irão fazer sentido se seu personagem for coerente.
Primeiramente foque em definir bem o background e durante a sua construção pensar – “se tal evento acontecer, o que meu personagem faria?“
Assim, mantenha seu personagem sempre alinhado.
É claro que o personagem evolui, porém há alguns princípios que precisamos de eventos com uma energia emocional elevada para alterá-los.
Então foque em decidir bem o que seu personagem faz.
02. Domine o básico do sistema.
À primeira vista entendemos o básico do sistema e a ficha do personagem, certo? É que achamos! Durante o roleplay muitas vezes esquecemos o que nosso personagem pode fazer e, principalmente em combate, quais são os ataques disponíveis por exemplo.
Ainda mais se a pessoa for um mago com trezentas magias no livro. Aí o combate é demorado pra caramba!
Leia o livro do jogador ou o livro de regras do seu sistema por cima e pegue as dinâmicas. Uma pessoa que toma decisão certa, rápida e não fica pedindo informação pro mestre deixa o jogo dinâmico e divertido.
Sabendo o básico do sistema você não precisa ficar pesquisando as respostas o tempo todo, assim você fica conectado por mais tempo.
Agora se você é um iniciante no mundo do RPG, esqueça tudo isso por enquanto é leia esse texto, pois tudo pode parecer complexo.

03. Imaginação dissociada.
Primeiramente imaginação dissociada significa que você consegue ver o personagem na sua frente de olhos fechados, mas você não é ele.
Então feche os olhos e imagine o personagem que criou, faça isso agora, é um convite. Enquanto lê essas linhas, vá imaginando o seu personagem na sua frente.
Imagine o tamanho dele ou dela, como está vestido e o seu cheiro. Agora visualize nesse espaço mental seu personagem se movendo. Como ele anda, corre, pula e luta com suas armas?
Por exemplo meu personagem Wurg Brotën é um meio-orc guerreiro, porém vegetariano. – “O Wurg fala errado.” – diz ele ao amigo especialista em magias arcanas. Wurg fala na terceira pessoa do singular dele mesmo.
Também consigo visualizar sua forma de andar meio mole, mas feliz. Wurg tem um coração mole e isso reflete em seu corpo, porém em batalha é rígido como rocha.
Aqui, primeiramente eu ajustei a história e as decisões que ele tomaria, depois ajustei forma de fala e por fim a voz. Tudo isso só de imaginar ele na minha frente.
Faz sentido para você? Deixe eu saber nos comentários.
04. Visualização Associada.
Agora que você já garantiu que consegue interpretar seu personagem de RPG sem os desafios do sistema, conhece a backstorie e já imaginou com ele, chegou o momento de colocar ele dentro de você.
Se dissociado é fora. Associado é? Dentro! Claro.
Com o poder da sua imaginação pegue o personagem que você estava visualizando na sua frente e vista-o. Entre na pele do seu personagem.
Assim você conseguirá sentir na pele os movimentos, gestos e voz dele. Primeiramente eu gosto de brincar com os movimentos do personagem. Constantemente me pego escrevendo sua história já interpretando e fazendo gestos sentado na cadeira. Isso porque eu sou sinestésico.
Assim que termino começo a sentir as vozes vindo. [ Não sou nem louco de elogiar minha voz aqui, pois as vezes pareço uma gralha. Porém pra interpretação tá bom. ] Nossa voz é moldada por nosso corpo. A postura e a nossa forma física definem o timbre.
Quem for cantor valida isso para mim nos comentários?
Exemplo: Criando a Nuwaira Farra
Primeiramente eu li um pouco sobre o sistema Tormenta 20, depois abri a ficha para entender o que é o que, e onde irei colocar as informações.
Assim que me senti confortável escolhi uma raça – Qareen – e a classe – Nobre. Em seguida fui para o Youtube buscar músicas que pudessem me ajudar a internalizar essa mulher meio-gênia.
Coloquei a música e o processo de criação de background foi simples e intuitivo. Frequentemente coloco diálogos e ações na história que ilustram as decisões que o personagem toma e suas reações.
Durante a construção de sua história eu já imaginei como ela anda pelas ruas e como ela se sente em alguns ambientes. Imediatamente gestos começaram a fluir como a bola de fogo que ela roda entre os dedos enquanto anda ou está pensativa. Sempre como movimentos suaves.
Por fim a voz surgiu após 15 minutos da primeira sessão. Ela tava alegre e feliz por encontrar amigos na guilda e assim um timbre mais agudo e infantil trouxe a inocência e a autoconfiança destacada na história que criei.
Agora só é necessário manter o personagem dentro do que foi criado e se manter no On Game o tempo todo. Conectado!
Seu turno…
Fez sentido toda essa construção para te ajudar na interpretação de seu personagem? Se sim, deixe eu saber qual foi o ponto que mais chamou a sua atenção nos comentários do post abaixo.
Uma excelente diversão para você!