Como criar o personagem perfeito de RPG?
O personagem perfeito é uma utopia? Na verdade é nosso conceito de perfeição que está fora do esquadro. Pois é, o personagem perfeito é aquele que se assemelha aos humanos e é isso que eu explico no vídeo abaixo:
Seu personagem possui várias camadas que eu explico no vídeo acima, mas faço questão de extrair um pouco do conteúdo e arquivá-lo aqui para você ter mais informações ainda.
Criar personagem de RPG é complexo?
O personagem é um dos principais elementos estruturais de qualquer trama. É por ele que enxergamos, ouvimos e percebemos o mundo. É através de sua percepção que nós experienciamos aquela história, seja em filmes, livros, quadrinhos e nas nossas mesas de RPG, não é mesmo?
Se você conversar com grandes autores, eles dedicam 80% do seu trabalho para criação dos personagens principais e do worldbuilding, e depois só 20% na história. Pois, com mundo e personagens bem criados, a história flui com facilidade. Dessa forma, seja você mestre ou jogador deve dar uma atenção especial para os personagens (principalmente, se for o jogador!)
Nota: O nosso curso de Worldbuilding está recebendo aprimoramento com add-on de oficina de criação de personagem. Deve ficar pronto agora em Julho (2023). Então aproveite para entrar agora, criar o seu mundo e garantir o acesso ao conteúdo extra! Acesse aqui.
Portanto, investir um tempo para criar os seus personagens é fundamental para a boa dinâmica da história. Dessa forma, o personagem do jogador ou NPC “se encaixam” no mundo e os próprios mestres conseguem adaptar a história para que eles sejam protagonistas, gerando assim a famosa imersão!
Criar um personagem é olhar para nós mesmos!
Como dito no vídeo, não importa se você é um humano, anão, elfo, dragão ou até mesmo uma inteligência artificial, a base do personagem é uma essência humana. Vou explicar isso no próximo tópico, porém é importante entender que nossos personagens são reflexos de pessoas — e dizem especialistas que cada coisa que a gente cria é um fragmento de nós mesmos.
Dessa forma, a gente tem que olhar para nossa complexidade e simplificá-la com base em atributos, habilidades, itens, traços, características e tudo mais que uma ficha pede. Por isso que a criação de uma história de fundo ou origem do personagem é importante para você definir as DECISÕES, COMPORTAMENTOS e AÇÕES do personagem, além do mestre ter ferramenta de trabalho para colocar seu personagem (o grupo) em primeiro plano.
Portanto, seu personagem não é só uma ficha ou uma imagem. Ele é um contexto histórico. Aliás, ele é a percepção da história que ele viveu. Vamos aprofundar?
As 3 camadas de um personagem
Na construção do seu personagem, seja ele para um livro, filme, mas principalmente para um jogo de RPG, é importante a gente entender que o personagem é como um presente que será desembrulhado durante a história. Porém, o jogador sabe o que há dentro dele. O criador conhece a sua cria.
Para simplificara a nossa vida, resolvi trazer apenas três camadas que irão refletir no seu jogo.
Camada Físico
Qual é a aparência do seu personagem? O que ele usa de vestimenta, acessórios, berloque e armas? Se eu tivesse um primeiro encontro com ele, o que eu veria? Essas são perguntas de superfície, pois o corpo e seus adornos são a embalagem desse “presente” que é o personagem.
Por isso, conseguir descrevê-lo, ter imagens e trazer os sentidos para nossa percepção irá ajudá-lo a formar o personagem na sua mente. Te ajudará a dar cor e movimento. Inclusive você pode encontrar uma imagem na internet, pedir para um amigo ilustrar, você pode rabiscar ou criar uma imagem com inteligência artificial. Você é quem sabe!
Camada História
Cada aspecto do seu personagem tem uma história. Por exemplo, como expliquei no vídeo, se o personagem tem um braço cibernético, como em cyberpunk, o que fez ele ter esse braço? Um acidente ou uma escolha? Em cyberpunk sabemos que muitos escolhem abrir mão da sua humanidade para ter “melhoramentos”.
Aqui nessa camada que é a forma do presente, que é a caixa que dá forma geral, ela é a história do personagem. Parece loucura, mas vou explicar! A caixa é o objeto que contém as histórias e a gente pode só ver o mundo através de nossas histórias. Não consigo viver algo que não vivi (apenas com o uso da imaginação), portanto a caixa é o limite do que há dentro. Faz sentido?
Nossa história delimita nossa percepção de mundo. Vou falar dela já já. Portanto, eu aqui no Brasil não posso falar de uma vida na China. Posso saber como é, pesquisar e até conversar com quem viveu, porém eu não tenho como ter essa experiência na minha vida. Concorda?
Por isso que a caixa do presente simboliza tanto essa camada: a história do personagem.
Camada Emocional
E o que há dentro da caixa? Lá no fundo há o conjunto de percepções que tivemos sobre os fatos que aconteceram em nossa história. Se algo foi positivo ou negativo, somos nós que escolhemos a perspectiva de análise. Portanto, dentro da caixa há o conteúdo que, nessa versão mais simples, vou chamar de essência!
Nossa essência é o nosso conjunto de percepções que coletamos em nossas experiências diárias. Eu posso encontrar uma pessoa e vê-la chorando e pensar:
- Que dó ele está chorando.
- Que raiva. Odeio ver alguém chorando.
- É tá chorando, faz parte da vida.
- Será que aconteceu algo grave e que faz ele chorar?
As reações são infinitas, pois a base delas são as experiências e até irmão gêmeos possuem suas singularidades e percepções diferentes de mundo. Doido né?
Tá, mas como isso faz diferença no meu personagem?
Seu personagem ganha vida quando você — jogador ou escritor — entende sua história. Na hora de criar seus acontecimentos e memórias, seu corpo e relacionamentos, a essência do seu personagem está em como ele age de acordo com a história. Você, jogador, precisa tomar decisões e agir de acordo com a história de fundo que criou. Senão, não faz sentido!
Nosso cérebro funciona assim:
- As minhas percepções do mundo moldam meus pensamentos.
- Meus pensamentos geram e nutrem emoções.
- Emoções fazem a gente agir!
- Nossa ação gera resultados.
- Nós interpretamos os resultados de nossa vida e geramos novas percepções.
(repete o ciclo)
Legal entender isso, não é mesmo? Como eu disse no vídeo esse conjunto infinito de história, percepções e resultados é que nos tornam tão únicos e diferentes.
Você não é a sua história. Você é o conjunto de percepções que tem sobre a sua história.
Marco Bini
Pondo em prática a criação de personagem
Agora é sua vez de colocar no papel! Dica, dobre uma folha A4 em 3 (ou apenas divida, você é quem sabe). Na parte superior coloque Físico, na inferior coloque História e na central coloque Essência.
Em Físico coloque as descrições físicas do seu personagem: Corpo, rosto, tatuagens, vestimenta, armas, berloque e o que achar necessário. Adicione cacuetes e manias, pois podemos ver isso de longe, não é mesmo?
Na parte da História coloque memórias que aconteceram e que formaram parte do corpo. Se é gordinho, por que é assim? Se tem cicatriz, qual é a origem? Se veste uma roupa justa, apertada e sexy, por que faz isso? A história conta! Acrescente relacionamentos pessoais, familiares e profissionais.
Em Essência coloque memórias que moldaram grandes decisões de sua vida. Escreva tudo certinho, coloque aquelas que achar necessário. Algumas talvez você lembre durante o jogo. #FicaADica. Nessa parte você irá escrever muito sobre ele se sentiu assim quando […], ela sentiu x quando […].
Mais e mais…
Se esse post foi útil para você, compartilhe. Porém, o mais importante é que você coloque a mão na massa! Coloque em prática. Crie personagens e NPCs, a cada criação mais dominará o método, calibrará seu olhar e, tenho certeza, que começará a olhar as pessoas ao seu lado de forma diferente.