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Como eu entendi que jogos tinham o poder de Transformar

Bora abrir um pouco da minha história pessoal para vocês? Te convido a ler e a refletir com as percepções de um menino, com as opiniões de um jovem há 20 anos atrás (ou mais, depende de quando você lê esse post). Sobre o momento que eu entendi como os jogos podem transformar nossas vidas.

Quando eu era menor, uma criança ainda, eu era viciado em jogos. Jogos de Tabuleiro de todos os tipos habitavam meu quarto, vídeo-games faziam parte da minha vida e jogatinas de RPG preenchiam algumas tardes. Até aí tranquilo, talvez você tenha tido até mais acessos do que eu, talvez você não tenha nem ideia do que era tudo isso na sua juventude. Tudo certo até aí…

O que pegou nessa história toda foi como meus pais me ajudaram a entender o poder dos jogos. Hoje eu dou risada, mas na época era uma fúria maior do que a baforada do maior dragão de Skyrim (todo dia!).

Tudo bloqueado!

A tela que eu jamais irei esquecer. Passei horas na sua frente!

Talvez eu fosse viciado? Talvez eu só quisesse jogar e não estudar? Talvez… Só sei que desde muito pequeno meus pais tomaram algumas atitudes que despertaram a fúria do dragão vermelho ancião dentro de mim. Veja a malandragem dos velhos:

  1. Esconderam meu Playstation e Nintendo de mim! – Para uma criança que estava tentando zerar o Final Fantasy VIII, isso era a morte. Para quem tava querendo jogar Chrono Trigger de novo, era horripilante. Eles esconderam e eu revirava todo dia a casa inteira para achar. Nunca achei… Encontrei coisas que não deveria ter achado, mas os video-games, nunca achei! Eles me davam no fim de semana só com hora cronometrada.
  2. No computador onde eu estava vivendo a hype dos jogos de estratégia como Age of Empires e Civilization. Minha mãe conseguiu a façanha de fazer uma senha na BIOS, sim a senha da placa mãe! Não conseguia nem acessar o básico para tentar hackear a senha. O computador nem ligava!
  3. O único que ficou foi o Game Boy, aquele primeiro, quadradão, com Tetris! (não preciso dizer mais nada…)

Porém, não é sobre o que eles fizeram, mas sobre a minha reação ao que aconteceu. Eles fizeram o que sabiam fazer de melhor, acharam que ao tirar o vício sumia… NÃO! Você precisa estar de frente com o vício e aprender a se controlar com ele, mas isso fica para uma conversa um outro dia.

De menino a estudante de games.

Com esse desfecho eu entendi que eu precisava convencer os meus pais a deixarem eu jogar mais horas, por mais tempo. Como eu faria isso? Como um jovem sem instrução nenhuma, sem acesso a internet (tava bloqueado, lembra?), como eu iria entender para argumentar?

Lembro de estar deitado em minha cama, pensando e refletindo. Por que jogar vídeo-game pode ser a melhor coisa que acontece para mim? Jogos são só jogos? Eles são somente diversão? Pensava por muitos momentos, minha consciência na época não era lá a mais desenvolvida, eu não era o aluno mais inteligente da sala e a coisa que mais me atraia na época eram boas histórias, desenho e filmes. Ou seja, histórias…

Foi então que eu comecei a entender os benefícios que os jogos traziam para a minha vida e ao longo do meu crescimento como ser humano, foi ficando cada vez mais evidente. Deixa eu compartilhar com você, algumas das minhas ideias que eu colocava para os meus pais em toda argumentação:

1. Velocidade de Raciocínio

Eu acreditava (e acredito) que os jogos fazem a gente tomar decisões cada vez mais rápidas. No vídeo-game é necessário ser rápido, pois o ambiente te força a ir pela direita ou esquerda, usar a espada ou a magia, mandar seu esquadrão para um lado ou para o outro, entrar atirando ou ir devagarzinho, entrar na curva na velocidade X e virar na forma Y ou entrar derrapando e acelerando.

Os jogos treinam a gente para pensar rápido! Nos jogos de tabuleiro também, temos que ser rápidos para os outros amigos não dormirem enquanto esperam você. Até no Xadrez eu acredito que velocidade é importante, um pouco de pensar gera tensão, mas muito gera sono.

A gente fica agilizado na análise de cenário, podemos filtrar as informações mais importantes para tomadas de decisão e reduzimos o medo de errar. Como empresário, hoje, essas são capacidades que agradeço aos jogos por ter aprendido!

2. Errar faz parte do Aprendizado

Os jogos trazem a oportunidade de errar e de começar de novo. Isso significa que há uma curva de aprendizado, a gente vai entendendo o jogo e vai se adaptando. Na vida real a maioria das pessoas erra e para, erra e desiste. Para jogadores errar é parte do processo de aprendizado. A gente erra e continua, o erro e a derrota não abalam a gente. Isso, na vida, tem um poder gigantesco de criar vencedores, de criar pessoas que não desistem.

Aqui na Nuckturp nós temos uma frase muito simbólica que é: HERÓI É APENAS UMA PESSOA QUE NUNCA DESISTE, pois acreditamos que todos podem vencer, é só não desistir, não parar no primeiro obstáculo ou no primeiro erro.

O que os jogos desenvolvem é uma mentalidade de crescimento. Se você for pai ou professor, recomendo a leitura do livro MINDSET da Carol Dweck. Que fala sobre essa mentalidade de aprendizado e evolução.

3. Estratégia!

Os jogos fazem com que a gente pense em cenários, em possibilidades para poder agir. Avaliamos as decisões que precisam ser tomadas considerando tempo, ambiente e recursos disponíveis. E isso não é só para jogos de estratégia.

Em jogos de cartas você precisa definir o que tem na mão e como usar, veja Magic The Gathering, Poker e até o Buraco. Todos demandam estratégia. Até o Coup precisa definir como agir com base nesses itens.

Jogos de corrida precisam de definição de carro, definir o traçado e a abordagem, veja Barrichello e Senna tinham estratégias bem distintas.

Tiros em primeira pessoa também demandam estratégia de ataque e defesa. Tudo tem estratégia e pensamento por trás, se estimular isso, você pode ser ou ter um grande estrategista em casa.

4. Estimula a Criatividade.

Pensar e agir é a base dos jogos! O que é a criatividade senão a capacidade de uma pessoa criar algo e colocar em ação, em atividade? Jogos estimulam a criatividade em diversos níveis:

  1. Criatividade Conversacional – Faz a gente aprender a contar histórias, a adaptar nossas falas e a argumentar com os amigos. Isso, claro, depende do jogo. Vejo em RPG a potencialidade dessa esfera conversacional e de comunicação se expandindo muito, por exemplo.
  2. Criatividade Lógica – Desenvolve a múltipla percepção das diversas oportunidades de soluções de problemas. Faz você observar problemas de uma forma nova e atacar de formas diferentes. Quer construir uma cidade? Um reinado? Quais são as opções? Como pode cuidar da comida, das pessoas, dos ataques e tudo de uma única vez?
  3. Criatividade Espacial – Alguns jogos desenvolvem uma noção de espaço e de volumetria. Você consegue saber melhor onde as coisas estão e como estão posicionadas. Em alguns jogos é possível imaginar um dragão de 6 metros de altura ao lado de um gnomo e entender como essa relação acontece. É possível imaginar e criar cenas em sua cabeça com base nas descrições, por exemplo.

Esses são só alguns exemplos, que mais me impactaram. Essa “Criatividade Espacial” me garantiu fechar o ano em Engenharia em duas matérias, pois eu tinha a visão do todo, completa. Lembro de ver a nota e agradecer imensamente alguns jogos! kkkk… #PiorQueÉVerdade

5. Comunicação e Timidez.

Aqui surge um tópico muito interesse que eu venho até trabalhando com jovens e filhos de amigos. Os jogos eletrônicos já estão estimulando a conversação e interação, ainda mais que estamos cada vez mais distantes. Porém, os jogos são grandes ferramentas para desinibir as pessoas.

Eu aprendo a me comunicar através de jogos. A ser mais assertivo no que digo, a falar melhor e a explicar as coisas de uma maneira que todos entendam. Eu posso agradecer isso aos jogos de RPG, onde tenho que interpretar personagens e criar suas histórias, além de me ajudar a conhecer mais pessoas, aumentando o círculo de amizades.

Alguns outros jogos estimulam a conversa para desenvolver estratégias, cooperativismo ou competitividade. Todos tem seus prós e contras. Então estimule seu filho ou filha a se comunicar direito ao usar essas plataformas.

Jogos são simuladores da vida…

Essa é uma frase forte, mas eu aprendi com um dos meus mentores empresariais “Como se faz uma coisa, é como você faz todas!”. E observando as pessoas que jogam comigo, eu já consigo saber como elas pensam e agem, como elas lidam com os desafios da vida e o que elas estão buscando para suas vidas. Parece profundo, mas não é. Jogos são reveladores de hábitos, comportamentos e caráter.

Portanto, hoje eu agradeço meus pais por terem tirado meu vídeo-game e terem me dado, sem saber, a oportunidade de estudar para contra-argumentar e buscar o que eu acredito. Sempre acreditei que os jogos são bons para desenvolver pessoas e continuarei nos experimentos e pesquisas para provar, cada vez mais, que meus pais estavam errados lá atrás.

Um ponto importante:

Excesso faz mal sim, porém a melhor forma é conscientizar e ensinar os “viciados” como eu que existem outros fatores importantes para criar na vida. Que existe um jogo muito maior acontecendo que se chama vida e que tudo que se aprende nos jogos podem ser usados para iniciar um relacionamento, desenvolver uma profissão, empreender, socializar e etc.

Abri minha vida para você para te trazer esses conhecimentos e percepções. A pergunta que eu deixo é: o quanto esse post fez sentido para você?