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Ciclos – Contos de Nindäle

Contos de Nindäle - Ciclos
Apaixonante imagem de Luca Pisanu

Chegar ali fora difícil. Talvez o maior desafio que enfrentara em sua vida.

Mas, finalmente ali estava.

As flores rosas cresciam no chão de grama verde em meio à névoa ao seu redor.

Seu pé caleijado e sua garganta seca da viagem não eram nada perto da emoção que ali sentia.

Eu cheguei, meu amor. Eu finalmente cheguei.

Ajoelhou, deixou sua bolsa e equipamentos no chão ao seu lado, pegou o amuleto que carregava em seu pescoço e o olhou.

Uma rosa dos ventos cravejada em um círculo de bronze.

Abaixo da figura, a sua frase preferida: “o seu destino é você quem escolhe”.

A segurou com as duas mãos em seu peito e fechou os olhos, sentindo a grama congelada tocar seu corpo.

Com olhos úmidos, respirou fundo.

O cheiro doce das flores entrou em sua mente como uma encantadora canção de inverno, lembrando-o de sua presença.

Das músicas que cantavam juntos em frente à lareira, das risadas que compartilhavam nas frias tardes de inverno e do seu doce toque contra sua pele.

Com olhos úmidos, levantou e caminhou até a beirada daquela alta superfície.

Retirou uma semente de um saco de dentro do seu bolso, cavou um pequeno buraco no chão e a inseriu ali.

Um dia eu quero conhecer a montanha mais alta do mundo“, ela lhe dissera, com uma flor azul claro presa em sua orelha, “e de lá eu quero decidir meu próximo destino”.

Respirou fundo, olhou para o pequeno monte de terra em sua frente e cobriu a semente.

Sua presença sumiu diante de seus olhos, da mesma forma que ela sumira meses atrás.

Nada vai te tirar de meus pensamentos. Nada.

Enxugou os olhos com as costas das mãos e se sentou ali, com as pernas pairando sobre a montanha e os frios ventos bagunçando seus lisos cabelos finos castanhos.

Dali via o mundo inteiro tocado pela neve.

Ali sentia o frio atingir sua pele e se encontrar com a mesma intensa gélida sensação que carregava dentro de si.

Mas seu coração esquentou quando em sua frente viu uma forma esverdeada e iluminada dançar em meio ao vento.

Os caprichados movimentos preenchiam aquele vazio esbranquiçado.

Era a mesma dança que eles faziam juntos.

Você está aqui.

Eu sempre estarei“, uma voz ecoou em sua mente.

O que eu farei sem você?

O vento passou pelo chão e subiu, a forma esverdeada rodeando seu corpo e seu amuleto flutuou em frente ao seu rosto.

Nele, as palavras: “o seu destino é você quem escolhe”.

Se o seu destino é você quem escolhe, porque você se foi?

Uma lágrima desceu pelo seu rosto.

Junto com sua amada, um pedaço seu morrera.

Algo que nele existia talvez jamais voltaria a existir.

Um vazio o dominava e aquela imensidão o fazia se sentir ainda mais só.

“Você cumpriu meu destino, está na hora de você cumprir o seu”, a voz dela ecoou em sua mente.

Mas sem você eu não sei o que quero, ele sussurrou olhando para baixo sentindo uma úmida gota cair nas costas de sua mão.

“Então descubra”, a voz disse em um tom feliz, deixando aquele lugar junto com o vento.

Com a vista embaçada, encarava aquela imensidão branca.

Não sabia o que faria, mas sabia que uma nova história se iniciaria.

Ele a levara ao ponto mais alto do mundo.

Agora era hora de completar seu próprio desejo, mesmo sem ainda saber qual era ele.

Aquela vasta cadeia montanhosa o dominou conforme fazia uma profunda respiração.

Colocou seu amuleto em suas mãos, o olhou e o colocou na frente de seu rosto o segurando com os dois polegares e indicadores.

Sabia que ela estaria sempre ao seu lado, mesmo que caminhasse sozinho.

Uma solene sensação de liberdade e instabilidade o preencheu.

Qual destino eu vou escolher para mim?

Contos de Nindäle

Nindäle é um cenário de fantasia medieval que está sendo criado por mim!

Esse conto é mais um de uma série de pequenas histórias que serão contadas no nosso blog, todas se passando nesse mesmo universo.

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