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Contos de Nindäle – Elara, parte 2

(Se você perdeu a parte 1 dessa história, leia ela clicando aqui)

Elara, a meia-orc, no meio da arena de Umezal. Ilustração criada por BoissB – B.J

Seus passos largos e fortes enrijeciam os músculos de suas pernas, que estavam com as veias saltadas.

Ela olhava para o anão, que parecia um boneco de metal de tanta armadura que usava. Elara sentia o calor da arena ao seu redor e ouvia o zunido da plateia que gritava loucamente.

“Vamos acabar logo com isso”, ela pensou segurando seu machado em mãos.

Com as duas mãos em sua arma, Elara brandiu sua lâmina na direção de Balgur com toda a ferocidade que possuía dentro de si.

O anão se curvou para trás, colocando o escudo entre seu corpo e o machado da Orc. O estalo de metal contra o metal causou um momento de silêncio na platéia. Mas o escudo sequer rachou.

“Droga”, pensou Elara.

Segurou seu machado com uma mão, arrastando sua lâmina no chão de areia enquanto fazia um círculo com o anão, esperando o momento de dar a investida.

Ele ficava atrás de seu escudo, que era quase tão alto quanto ele mesmo. Um pequeno machado estava na outra mão dele, apenas esperando o momento certo.

Balgur olhava Elara em seus olhos, sem piscar. Não olhava para seu corpo, braços, pernas, arma, nada. Olhava para seus olhos. Como se ele pudesse ler os próximos movimentos dela apenas pelo olhar.

Aquilo deixou Elara irritada. “Ninguém me olha nos olhos assim, seu maldito”, ela disse enquanto veio para cima dele.

Brandiu seu machado o segurando com as duas mãos. Uma, duas, três, diversas vezes.

Todos os golpes batiam no escudo do anão e ele, com seu corpo levemente curvado e um pé para trás, sequer saía do lugar.

Cada golpe criava um estalo de metal contra metal que assustava e silenciava a arena momentaneamente.

E o escudo, novamente, sequer chegava a rachar.

Elara sentiu o suor descer de sua testa, passar pelo seu maxilar e uma gota cair no chão, criando uma fumaça que parecia evaporar a água instantaneamente.

“Merda”, pensou, “Eu estou cansada demais pra continuar fazendo isso. Eu vou cansar antes dele.” Respirou fundo, franziu o cenho e rangeu os dentes.

“Vamos ver se você se defende dessa”, ela pensou enquanto chutava a areia da arena no anão, que deu um passo para trás grunhindo e de olhos fechados.

Elara girou seu machado e o brandiu contra o anão, acertando sua armadura no ombro.

A arena foi a loucura.

O anão quase caiu no chão, mas se estabilizou e ficou atrás do escudo.

Ele cuspiu em suas mãos e lavou seus olhos rapidamente.

“Então você quer jogar sujo?”, ele gritou com seus olhos vermelhos vindo para cima de Elara com movimentos lentos e estratégicos.

Elara recuava, tentando manter ele distante usando seu machado como forma de separá-lo dela.

Até que ele brandiu seu escudo contra o machado dela, o braço da Orc se movimentou para à direita junto com a arma dela e então Balgur cravou sua lâmina no joelho de Elara.

A platéia ficou em silêncio.

Elara sentiu a dor aguda subir por todo o seu corpo, fez um movimento rápido para o lado, na direção que seu machado tinha ido, desvencilhando-se da lâmina do anão e recuperando o equilíbrio.

Aquele calor intenso estava a cada segundo pior. “Preciso terminar essa luta logo, senão eu estou perdida”.

Colocou as duas mãos no cabo do seu machado, cravou ele no chão. Começou a gritar.

“Grrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah”.

Seu berro foi mais alto do que de toda a plateía junta, que se silenciou conforme os músculos de Elara iam ficando com quase o dobro do tamanho anterior. Suas veias saltadas, querendo sair. Seu pescoço ficou mais largo que a cabeça do anão. Seus olhos agora estavam vermelho e seus dentes estavam maiores.

“Sinta a minha fúria, seu verme maldito”, ela gritou enquanto novamente vinha na direção de Balgur.

Um, dois, três, quatro golpes seguidos no escudo do anão. Até que o quarto tirou uma lasca daquela parede de metal.

Balgur se assustou, oprimido pela simples presença de Elara.

A plateia delirava gritando.

Ela sorriu, seus caninos para fora da boca. “Vamos ver se esse seu escudo segura essa”, e então brandiu seu machado com as duas mãos diretamente contra o escudo de Balgur.

Um enorme estalo calou, novamente, toda a plateia.

O machado cravou no escudo, como se os dois fossem um objeto só. “VAMOS VER QUEM É MAIS FORTE AGORA!!”, Elara gritou enquanto puxava seu machado e Balgur tentava o segurar – mas era inútil.

O braço de Elara estava quase rasgando de tanto músculo que parecia existir ali e, quando puxou seu machado, o escudo veio junto.

Balgur ficou atordoado olhando para ela, preparando-se para defender o próximo golpe apenas usando seu pequeno machado. Estabilizou os dois pés no chão.

Enquanto isso Elara pisou no escudo que estava grudado ao seu machado e novamente estava com sua arma em mãos.

“SEGURE A FÚRIA DE LISSANDRA, PEDAÇO DE METAL!”, e golpeou seu machado com as duas mãos contra o anão.

Tudo que ele pode fazer foi dar um passo para trás e curvar seu corpo, para que o golpe não viesse em sua cabeça.

O estalo do metal contra a armadura de Balgur calou a arena. Não por um momento, mas por dezenas de segundos.

Um “CRAC” ensurdecedor calou a todos.

Balgur olhou para sua armadura, Elara encarou os olhos dele.

A armadura lentamente rachou, da parte superior do peito até a cintura dele. Uma leve corrente de sangue começou a descer pela camiseta que ele usava abaixo da cota de malha.

Elara puxou seu machado e o anão agora a encara diretamente em seus olhos novamente.

“Você é mais forte do que pensávamos. Vamos, termine o que você começou.”

A arena agora voltava a gritar. Todos fazendo um sinal com o dedão voltado para baixo.

Elara sabia o que aquilo significava.

“VAMOS, TERMINE LOGO. MATE-ME SUA MALDITA!!”

As veias e músculos de Elara começavam a se relaxar e voltar ao estado normal.

Lembrou de sua mestre, de todos que matara em sua vida e dos pesadelos que tinha até hoje por cada cabeça que havia arrancado.

“Sangue demais já foi derramado hoje”, ela disse com uma voz quase inaudível e cansada.

Pegou seu machado com uma mão e o arrastou junto com ela para fora da arena, mancando e saindo de cabeça baixa.

A arena vaiava querendo a morte do anão.

Balgur gritava em fúria, sozinho em meio àquele mar de arena.

O sol castigava seu corpo a cada passo que dava e sua visão embaçada lhe dava a sensação que iria desmaiar a qualquer instante.

A mente de Elara estava turva, sonolenta, seu corpo cansado.

As inúmeras vozes agora eram apenas moscas novamente. Um zunido irritante e persistente.

Um barulho que a impedia de pensar em qualquer coisa de forma clara, exceto a imagem de Lissandra que persistia em sua mente.

“Quem tentou te assassinar ontem a noite, mestre?”, Elara pensava enquanto mancava saindo da arena e entrando no camarim.

“Você é mais forte do que pensávamos”, havia dito o anão que agora era retirado da arena à força enquanto gritava.

Pensávamos.

No plural.

Contos de Nindäle

Nindäle é um cenário de fantasia medieval que está sendo criado por mim!

Esse conto é mais um de uma série de pequenas histórias que serão contadas no nosso blog, todas se passando nesse mesmo universo.

Porém, esse tem um destaque: ele foi criado pelos nossos seguidores no Instagram!

Sim, quem fez as escolhas de Elara foram os Nuckturpianos que nos seguem por lá.

E, em breve, a história de Elara vai continuar pela rede social e depois ser eternizada aqui novamente.

Você também pode acompanhar mais sobre Nindäle na nossa Twitch ou acompanhar as novidades no nosso canal do whatsapp.

O que achou dessa história de Elara? Deixe seu comentário abaixo!