Contos de Nindäle – Elara
Agachada na areia, com os joelhos contra o chão e as mãos em suas coxas, Elara se concentrava.
A meio-orc era uma perfeita representação de suas origens: tinha a agressividade Orc e a auto-consciência Humana.
Sabia do poder de sua força, brutalidade e imponência. Mas, mais do que isso, tinha plena consciência de como usá-las.
Assim, de olhos fechados, ela sentia seu corpo e o deixava pronto para o combate.
Ou melhor, ela tentava.
Não conseguira dormir na noite anterior. Sua mestre Lissandra fora atacada por um assassino após as dez badaladas que marcavam o fim da noite.
O som do corpo dela caindo contra a madeira da estalagem ainda ressoava nos ouvidos da meio-orc.
Elara agradecia aos Deuses Dragões por ter sido treinada nas artes da percepção. Acordou instantaneamente ao ouvir o barulho no corredor. Se tivesse demorado um minuto sequer a mais teria sido tarde demais.
Lissandra ficou bem, aparentemente. Não havia acordado ainda quando Elara saiu.
Mas para isso a Meio-Orc teve que passar a noite em claro cuidando de sua mestre.
“Ela ia querer que você estivesse aqui Elara, pare de duvidar das suas ações”, a Meio-Orc agora sussurrava baixinho para si mesma.
Então o narrador da arena começou a gritar os nomes que participariam do duelo.
A platéia estava enlouquecida aparentemente, mas para Elara era apenas um zunido.
Como se milhares de moscas estivessem infestando sua mente e sua única saída fosse saciar o desejo delas.
E então o anunciante gritou o nome do oponente de Elara: Balgur.
Um Anão veterano de guerra. Com mais anos de luta do que Elara tinha de vida.
Era a semi-final do campeonato dos Gladiadores de Umezal.
Elara não estava ali para ter duelos fáceis.
Estava ali para ser campeã.
Para trazer glória à sua raça, sua família, seu povo. À sua mestre. Especialmente à sua mestre Lissandra.
Lissandra acolhera Elara quando a meio-orc ainda era criança e a criou como uma filha.
E agora era hora de honrá-la.
Tirou a mão de cima de suas coxas, levantou e, com seus olhos cerrados, se dirigiu pela pequena subida em direção a arena.
Ali, no camarim, as paredes e teto de madeira deixavam o lugar sombreado e protegido do calor intenso do deserto.
Mesmo assim o chão de areia estava quente. Lá fora, a céu aberto estaria ainda pior.
A porta se abriu, Elara caminhou lentamente enquanto seus olhos se ajustavam à nova luz.
Os sóis de Gällin torturavam aquela arena.
Umezal não tinha muitos pontos de entrada a luz externa, mas aquela arena era feita inteiramente sob os holofotes do céu.
Do outro do lado da arena uma porta se abria e de lá saía Balgur. O anão de longa barba e cabelo castanho usava uma imponente armadura de placas prateada e vermelha e um escudo que parecia ser maior do que ele.
Elara olhava ao redor e via a arena lotada. Notava as pessoas se mexendo intensamente, animadas e com as bocas abertas e veias de suas gargantas pulsando.
Mas não ouvia nada.
O som ao seu redor era inexistente. Tudo estava em silêncio.
O único barulho que ela ouvia era o do anão se mexendo lentamente em direção a ela.
Do aço que ele carregava contra o chão de areia.
Do cuspe dele saindo da boca e indo em direção ao chão.
Do seu próprio coração batendo mais intensamente a cada passo que ela se aproximava de seu oponente.
E então tudo ficou silencioso. Eles estavam há cerca de dez metros um do outro.
Uma larga arena de areia os cercava e nas arquibancadas ao redor dela milhares de pessoas gritavam – apesar de Elara não as ouvir.
A Meia-Orc colocou a mão no pomo de sua Espada ainda embainhada. Fechou os olhos uma última vez antes do combate e sussurrou “Essa é para você, Lissandra”.
E correu em direção ao anão.
Contos de Nindäle
Nindäle é um cenário de fantasia medieval que está sendo criado por mim!
Esse conto é mais um de uma série de pequenas histórias que serão contadas no nosso blog, todas se passando nesse mesmo universo.
Porém, esse tem um destaque: ele foi criado pelos nossos seguidores no Instagram!
Sim, quem fez as escolhas de Elara foram os Nuckturpianos que nos seguem por lá.
E, em breve, a história de Elara vai continuar pela rede social e depois ser eternizada aqui novamente.
Você também pode acompanhar mais sobre Nindäle na nossa Twitch ou no nosso MMORPG de mesa do Discord.
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