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Experiência do Jogador: O foco do Mestre de RPG

Como Mestre de RPG a gente tem alguns desafios: estudar o sistema, preparar a aventura, sincronizar a aventura com a história dos personagens, entender como os jogadores gostam de se aventurar e muitas outras coisas. Porém, o que eu aprendi executando a minha PIOR mesa de RPG?

Se você é um aluno da Academia de Mestres já sabe que autofeedback é um dos processos que mais gostamos de fazer. Pois é através dessa consciência que a gente aprimora sessão após sessão a nossa capacidade narrativa. Concorda?

Portanto, toda vez que encerro uma sessão eu entro no processo que ensino na aula 2 do módulo Sua primeira One-Shot. Avaliação dos pontos positivos, dos pontos de melhoria e o que eu quero aprimorar na próxima sessão.

Na minha última sessão algo interessante aconteceu!

Autofeedback - Academia de Mestres de RPG - Nuckturp
Aula: Como dar, receber e aplicar o autofeedback

No encerramento eu pedi para que os jogadores falassem um pouco da sessão e como foi o jogo na visão deles. Eu já esperava uma bomba. Porém, o feedback começou a vir positivo, positivo e positivo, mas internamente uma incongruência acontecia, pois acreditava que essa tinha sido a PIOR de todas as minhas sessões. Narrei mal, esqueci de descrever itens, narrei o desnecessário e esqueci de narrar alguns pontos essenciais. Na minha visão como mestre, tinha sido um fracasso. Na visão dos jogadores, na fala de um deles: “Foi a melhor sessão de RPG que eu já joguei.

Como isso é possível?

Foi aí que voltei para os princípios que a gente ensina na Academia de Mestres e vi, oculto sob o véu do autojulgamento, o que eu estava fazendo com maestria. O que a gente ensina de forma simples em nosso curso e que poucos focam nisso:

O sucesso de uma mesa de RPG está vinculado diretamente à experiência dos jogadores.

Anota isso para jamais se esquecer de se lembrar.

Experiência dos jogadores

E o que é para nós, Mestres de RPG, a experiência dos jogadores na mesa? E não tem nada relacionado à ficha de personagem, interpretação e estilo narrativo. Hum…

Vamos ver?

A experiência do jogador é o conjunto de sensações e percepções que a pessoa tem durante o jogo, de acordo com o atendimento de suas necessidades como ser humano e jogador. Tendo sua presença reconhecida e suas ideias valorizadas.

O RPG é um jogo de comunicação e é aqui que você precisa entender como as coisas funcionam. O desafio é começar a “manjar” de gente e pegar as necessidades básicas de cada um para explorar, mas fica tranquilo que vou te explicar o básico.

As necessidades humanas

Não estou falando da pirâmide de Maslow! Aqui são três conceitos básicos que qualquer iniciante do mundo do autoconhecimento sabe e qualquer pessoa que queira trabalhar com pessoas deverias saber. Pois RPG é trabalhar com pessoas, certo?

01. Todo mundo tem a necessidade de ser OUVIDO em essência

Quando a gente se depara com essa necessidade, mestre de RPG, você precisa entender que todo mundo na mesa precisa ter voz. Você e todos os seus jogadores. Assim, seu trabalho é ficar atento à quantidade de tempo que você fala e narra, e a quantidade de tempo que seus jogadores interagem com você ou entre si.

O tímido deve ser estimulado a falar. O falante deve ser escutado, mas motivado a prestar a atenção nos outros. Ninguém pode cortar a fala ou ideia de ninguém, e cabe a você mestre pegar o corte e retomar o “bastão da fala” para aquele que foi cortado. Você não tem ideia do poder desse movimento no psicológico da pessoa.

Adoro falar: fulano te cortou ciclano, por favor, pode continuar.

Algumas vezes a pessoa fala que não lembra e aí eu peço para todos esperarem ele lembrar, pois a fala dele era importante para mim e ninguém devia ter dado o corte. O olho da pessoa até brilha e o assunto voa na memória.

02. Todo mundo tem a necessidade de ser RESPEITADO

Com pessoas cada vez mais diferentes jogando juntas. Presente do mundo do RPG. A gente começa a encontrar pessoas com crenças diferentes das nossas. E a mesa de RPG é um lugar onde o mestre executa o papel de mediador. O respeito pela visão, percepção, conjunto de crenças e ideias, e até a tentativa de improviso e interpretação é o topo da cadeia de comunicação. Quando eu respeito a visão do outro, eu andei metade do caminho para a solução de qualquer conflito.

Quando você se sente respeitado, você se abre mais e assim o jogo (e as amizades) flui mais naturalmente. Faz sentido isso para você?

Eu quebrei um recorde em 2019 onde em TODAS as minhas mesas um cara se revelava homossexual. Por que isso? Porque era um lugar seguro. Um lugar onde a pessoa sabia que seria respeitada por todos. Inclusive até vi o apoio do grupo para ajudar uma das pessoas a se revelar para a família. Foi bonito e era um grupo de desconhecidos.

Você entende o que é respeito? Entende o que é cuidar dos limites?

03. Todo mundo tem o direito de ser VISTO.

A gente acredita que todo mundo é visto ou percebido numa mesa de RPG, não é mesmo? Porém é uma afirmação falsa isso, pois nem todo mundo é visto em sua verdadeira natureza. Nós vemos máscaras construídas através de personagens, nós não vemos a pessoa que realmente está jogando. Por isso é muito importante a gente, como mestre de RPG, dar espaço para a pessoa colocar seus toques e comentários pessoais em uma mesa. Claro, seguindo o item 2 – respeito.

Portanto, lembre de tentar conectar a pessoalidade de cada um. Deixar o holofote brilhando na pessoa até em momentos casuais. Você verá que essa consciência traz os tímidos à luz.

Todo mundo pode ser visto, independente de quem é – ilustra por Diane ÖZDAMAR

Que raios isso tem a ver com a minha mesa?

Entendendo todos esses tópicos, eu volto e vejo que o sucesso da minha mesa de RPG aconteceu porque eu sempre cuido da interação de todos os jogadores em primeiro lugar. Todos recebem atenção igual, todos são defendidos e protegidos por mim, o mestre. É interessante pensar nisso, pois dessa forma eles ampliam a sua capacidade criativa e participam mais intensamente da campanha. Às vezes deixando espaço para eu apenas narrar o necessário e eles fazem a interação.

Adoro quando os jogadores participam da criação e dão ideias no meio da aventura para o cenário.

Portanto, obviamente não dá para colocar 100% das informações aqui. Por isso que a gente escreve livros. Assim, você pode receber toda a informação e ler aquilo que faz mais sentido para você. Não é verdade?

Mas… quero que você pegue o conceito. A ideia de uma comunicação lisa, não violenta e assertiva com os jogadores pode transformar a pior mesa de RPG, com a pior narrativa, na melhor mesa apenas ao olhar e integrar a importância dos jogadores.

Quer aprender mais sobre essa experiência? Venha para a Academia de Mestres aprender mais sobre esse método Nuckturpiano de mestrar, engajar e conquistar o coração congelado de seus jogadores. rs