Game Design Para mestres RPG

Sobre a adaptabilidade do RPG

Ilustração capa do pacote "Know No Fear"
Ilustração capa do pacote “Know No Fear”

Meu universo favorito é o de Warhammer 40k. Para quem acompanha meus artigos essa informação não deve ser uma surpresa. Logo eu acompanhava conteúdo criado pela comunidade do 40k. Recentemente a comunidade começou a demandar da própria Games Workshop (detentora do 40k) variações de produtos e outros elementos inteiramente novos.

Eu não vou entrar nos detalhes das demandas dos consumidores ou da qualidade questionável dos produtos lançados pela Games Workshop. Mas eu me recordo de ter visto um vídeo do Arch sobre o assunto. Nesse vídeo, o criador apresentou um texto retirado de uma edição antiga do W40K. Eu passei anos procurando uma cópia desse fragmento de texto. Por que ele nunca foi tão relevante.

Fragmento original das notas dos designers do W40K2e

Traduzido para:

O universo Warhammer 40k é realmente muito grande, então há espaço suficiente para você explorar qualquer canto do plano de fundo ou sistema de jogo que lhe agrade. […] não queremos desencorajar os jogadores de fazer exatamente o que quiserem com o jogo Warhammer 40k. Você não precisa nos enviar novas regras – você não precisa de aprovação e não pretendemos incomodar seus jogadores rivais dando-lhe nosso selo de reconhecimento oficial.

A visão dos designers sobre o jogo

A segunda edição do Warhammer 40K foi lançada em 1993. Então esse fragmento de texto tem quase 30 anos. Mas o que esse fragmento diz de tão importante? Na minha visão ele contém dois pontos essenciais.

Primeiramente ele diz que o universo é muito maior do que é possível os designers criarem. Isso dá margem para os próprios jogadores criarem quaisquer elementos para a história e ambiente do jogo. Pois sempre haverá um novo planeta, novos personagens ou até mesmo regras. Esse conceito que hoje chamamos de Homebrew.

Em segundo lugar, os designers dizem que essas alterações podem ser feitas ao bel prazer dos jogadores. Contanto que quaisquer regras adicionais forem acordadas previamente entre as partes que jogarão. Os próprios designers não precisam dar aprovação para tais criações serem usadas.

Extrapolando o conceito para o RPG

Então qual é meu ponto? Pois então, eu vejo demasiados mestres e jogadores se atendo a mínimos detalhes dos livros ou do que consideram “realístico”. Ou como no caso do Warhammer, DEMANDANDO mudanças da própria Games Workshop. Logo o que eu quero gritar com esse artigo é:

Você é livre! Solte suas asas e voe! Não se atenha a livros ou demande mudanças dos outros! Faça você mesmo o seu jogo ideal! Seje a mudança!

Asas da imaginação
Dê asas da sua imaginação!

Sei que para muitos não estou dizendo nada de novo, mas essas palavras devem ser reiteradas. Os próprios designers do jogo encorajam criações dos jogadores! Então por que não se aproveitar? Se os próprios criadores encorajam esse comportamento, quem será contra?

Delineando os limites

Em qualquer sistema ou mesa tem pequenos detalhes que não nos agradam. Portanto como mestres podemos muda-los. Tanto para se parecer mais próximo da realidade quanto para torna-lo mais fantasiosos. Ou simplesmente transforma-los o que desejamos que sejam! Ou mesmo crie-o do zero!

Tribos de orcs mais tecnologicamente avançadas que anões? Sem problemas. Usar um baralho de cartas ao invés de um dado D20? Só vai! O sol emanar frio ao invés de calor? Na real, é uma ideia interessante.

Se suas regras ou mudanças de lore fazem sentido ou não está além do escopo desse artigo. Meu objetivo é apenas convidar o leitor a soltar a sua imaginação e não se prender a livros pré-escritos!

Apenas digo que como jogadores, vamos respeitar as alterações de nossos mestres. E como mestres, levemos em consideração as opiniões de nossos jogadores! Então agora vá, mestre dos magos! Faça a melhor sua campanha! Ninguém vai chamar a polícia do rpg em você!

We Happy Few
Polícia do RPG quando vê você não seguindo as regras exatamente como descritas.