Soundtrack: uma HQ que reflete na gente
Guilherme Match acerta novamente nesta parceria com o músico Rashid. Match que ficou conhecido pela sua HQ Kophee surpreende com uma visão singular da música e acrescenta três ingredientes que eu adoro estudar: hipnose, desenvolvimento humano (pessoal) e a imaginação. Numa HQ que remete o filme a Origem, você viajará com Mayk, um MC (Mestre de Cerimônias) da cultura rapper e hip hop, que através da música se conecta com seus clientes e os ajuda a enfrentar seus desafios.
Mas eu já falo mais disso para você.
Deixa eu acrescentar que o livro também recebe elogias para sua arte única, onde Guilherme Match utiliza caneta bic para criar e dar acabamento, trazendo uma leitura única para o estilo e qualidade do quadrinho. Seu traço lembra minha época de escola, onde eu ficava com a caneta bic desenhando no caderno.
Porém, vamos falar e mostrar um pouco de Soundtrack, a arte de Guilherme Match e Rashid.

Dois polos e uma visão!
Guilherme Match e Rashid podem parecer de mundos diferentes. Um é da arte visual e o outro da arte musical, mas no fundo são duas pessoas com vontade de ajudar o próximo. Ler o livro e os depoimentos finais preenchem o coração de coisa boa. Fica nítido que eles trabalham em unidade e mostram um respeito pela arte e vida do outro, preenchendo não só a história, mas os personagens.
Sim, os personagens e as situações que fazem a história, não é mesmo? O mais interessante é ver que mesmo em poucas páginas é possível sentir empatia e conexão com os personagens. Particularmente, fiquei apaixonado pelo Theo, senti raiva inicial e compaixão pelo Baruq e amei a Thamine sentido o amor dela pelo falecido marido. O Theo, para mim, é o centro deste livro, pois foi o Theo do Match com o Theo do Rashid que trouxeram essa história à vida.
Se o Rashid ou Match lerem algum dia esse texto, releiam a frase anterior com o significado de Theo.

Soundtrack começa na música, a música começa na palavra.
A música é hoje a arte que mais desperta emoções. Desde os antigos, quando ainda não existia vocabulário, nós nos comunicávamos por sons e símbolos. Porém, quando pegamos alguns sons específicos, eles batem no nosso coração e traz a alegria, a tristeza, a raiva, o luto ou o amor. Além disso, quando avançamos na música e ela ganha letra, seu significado e intensidade se ampliam. E parafraseando Rashid: É sobre aqueles momentos em que tivemos a certeza de que determinado artista nos pegou pela mão e nos guiou até o outro lado da ponte.
A música conecta, potencializa, grita e silencia nossa alma.
Aproveitando, essa é a música do MC Rashid que fala do poder e seu refrão: O que o som faz quando entra na mente da gente?
Agora, a história de Soundtrack não é para ser esperada como uma obra de Tolkien, nem como uma sage de J. K. Rowlings, mas como uma história que conecta a cada personagem. Soundtrack, não é sobre um repertório de CDs que mostram todos os seus gostos musicais, mas é uma história única que dá a luz a consciência de si.
Aliás, spoiler aqui. Soundtrack não é sobre Mayk ajudar seus clientes, mas é como ele é transformado enquanto ajuda as outras pessoas. Pois, é isso que acontece quando ajudamos as pessoas, nós nos transformamos, nos inspiramos, crescemos. Ajudar é o maior nível de aprendizado que podemos ter sobre nós mesmos, se pararmos um pouco e juntarmos as peças do cubo.
A arte de Guilherme Match
Kophee foi uma HQ que li 3 vezes. A primeira babando, a segunda lendo e a terceira buscando os detalhes, aprendendo. Eu sempre gostei de desenhar e as artes visuais sempre foram minha paixão. Eu adoro desenho, todos os estilos, e sempre busco referências para um dia eu desenhar. Meu pinterest pessoal, já tem pasta com milhares de pins para eu, um dia, desenhar (ou me inspirar).
Porém, vejo nos traços de Match em Kophee e agora em Soundtrack uma arte que eu gosto. Aquele PB feito de caneta bic, na velocidade. Imagino-o com rosto sereno, tomando seu café e rabiscando dezenas de folhas num café em sua cidade. De forma que parece que a própria caneta toma vida e se apropria das mãos do artista para fazer.
É claro que eu gosto muito da arte do Guilherme Match (pagando pau pesado aqui), mas dentro dos velozes rabiscos, é possível ver os detalhes. Na cidade, nos instrumentos e tecnologias, no semblante.

Além disso, a edição dos livros, tanto o Kophee quanto o Soundtrack, são de arrasar, indiscutíveis. A transformação de Baruq foi tão bem feita, na questão de narrativa, quadros e evolução do personagem, que sente-se raiva, desperta muitas emoções.

O som de soundtrack
Dando uma pincelada, Soundtrack acontece num Brasil futuro com uma pequena inspiração Cyberpunk. A tecnologia ganha outras funções e percorrem a nossa vida. Mayk é um MC que controla o REAL, uma realidade “paralela” que ajuda a projetar conteúdos do inconsciente do cliente e ele navega junto para solucionar alguma dor. O Mundo Interno da pessoa é acessado e Mayk vai como guia mostrando como lidar com o Mundo Interno e ajudando a identificar os desafios, mas que só o cliente pode passar.
Cada pessoa tem um Mundo Interno diferente que é criado de acordo com suas crenças, valores, percepções, história, etc. Assim, cada MI é uma exploração, assim como deveria ser conhecer alguém, sem antes julgar pela “capa”.
Qual será o seu novo som?
Soundtrack e Kophee são distribuídos pela editora JBC, editora responsável por muitos quadrinhos e mangás de alta qualidade. Então se quiser ler essa música, veja as indicações da editora neste link aqui.