Para mestres

Como se tornar um Mestre de RPG Profissional?

Mestre de RPG Profissional ou comissionado, o que faz uma pessoa se intitular desse jeito? O que faz uma pessoa escolher “se profissionalizar” no hobbie? E vou te dizer, não é só dinheiro. Aliás, o que tenho visto ultimamente, o dinheiro é o ponto secundário, uma oportunidade.

Mas vamos lá! Desde que a gente tinha a Academia de Mestres de RPG, eu e o Vitão sempre deparamos com algumas queixas da galera. Os mesmos murmúrios tanto de Mestres como de Jogadores. Eles não estão comprometidos, faltam, ficam no celular, não interagem, saem para fumar, desligam a câmera e não sabem o que está acontecendo na mesa. Percebe que é uma junção de responsabilidade e comprometimento no assunto?

Mas… se prepare para o plot twist.

Ao tentar resolver esses pontos, acabamos resolvendo outros e é isso que a gente vai dar uma explorada aqui. Combinado? Então, pegue um café (assim como eu tô tomando um escrevendo) e vamos juntos.

A dor do Mestre de RPG

Você fica com seus amigos e talvez até mestre para eles há anos já. Porém, um teve filho, outro entrou na faculdade, outro casou e outro está passando por desafios pessoais. Acontece, não é mesmo? Porém, esse caos pode desmoronar as mesas de RPG, mas a real é que isso vai de fato acontecer. É a vida!

O Mestre de RPG fica P da vida e posso falar isso de verdade. Por que ele monta um monte de coisa e a galera não engaja, não se interessa… some. Uma mesa de 3 horas que o mestre investiu umas 10 para montar, não é mesmo?

Pensar no plot, no balanceamento de combate (não faço mais isso… uffa), nas interações, no worldbuilding (mesmo que seja aventura pronta). São muitas variáveis e a galera nem tchum.

Claro que uma das coisas que eu te ensinaria aqui é reduzir esse tempo de preparo para 1 hora com o nosso check-list do mestre metódico e ainda te ensinaria sobre improviso e adaptação. Mas, deixemos isso para outro momento.

Mas, é f**a a galera não se dedicar tanto quanto a gente, não é?

Então, vamos de primeiro movimento nessa história.

A Mesa de RPG Comissionada

Em 2022 o nosso amigo Luiz disse que estava cansado de não conseguir jogar direito e foi atrás de um Mestre Comissionado, o que chamamos de Mestre de RPG Profissional, ok? Ele foi atrás de um cara para resolver a sua dor, não como mestre, mas como jogador. Pois, mesmo como jogador ele tava sofrendo, pois tinha tempo “contado” para jogar… e seu grupo não estava tão dedicado. Além disso, ele queria jogar ao invés de ficar conversando e comendo pizza. Seu objetivo era se divertir na história por 3 horas e voltar para casa.

Assim, ele buscou e encontrou uma Mesa Comissionada (um dos produtos de um Mestre de RPG Profissional) e se inscreveu. Sem pretensão e sem metas. Apenas se inscreveu para ver como era.

Após a sessão, o whatsapp veio com aquele audio. “Caraleo, eu tive uma verdadeira sessão de RPG aqui. Contratei um mestre profissional e aconteceu isso, e aquilo… caraca me diverti um monte.” E ainda veio o convite para jogar junto, óbvio. Quando o serviço é bom a gente indica, né?

Sei que o Luiz ficou muito feliz e pagou o serviço mensal.

PS.: Ele continua feliz até hoje, jogando com o mesmo mestre.

O que aconteceu na mesa comissionada?

Luiz teve uma experiência diferente, com um mestre que não vê o jogo como sua diversão, mas como um serviço que presta. E isso gera um modificador de comportamento e responsabilidade. Pois, o mestre de RPG ao ver que está sendo pago, quer entregar para seus jogadores a melhor experiência (percebe que nem falo a melhor história, né?). O mestre quer entregar uma experiência que impressione seus jogadores, mantenha-os em jogo (mantendo a renda) e faça os jogadores indicarem (expandindo a renda).

Alguns mestres profissionais relatam que o jogo pago é mais divertido com os jogadores pagantes do que com os jogadores que estão pelo hobbie. Eles afirmam que o jogador entra mais no personagem, entende sua ficha, explora o sistema, presta atenção na história e faz anotações. Pois, ele entende que está pagando e a “dor financeira” (investimento), faz ele se dedicar mais.

Jogadores que pagam por mestres, e aqui temos um range de R$5 a R$100 por sessão, onde a média está nums R$45, R$50 por sessão por jogador. Relatam que seus mestres são donos do sistema, entendem numa grande totalidade aquilo que oferecem. São engajados na construção da história e exploram muito bem as plots dos jogadores. Além disso, sabem direcionar a mesa (ninguém dorme) e sabem dar foco nas coisas certas. Além disso, há relatos de investimentos em suplementos, VTTs e música, por exemplo. Há mestres que até fazem a ilustração ou peça do personagem no Hero Forge.

Esses detalhes são uma mudança da forma como encaramos o RPG.

Experiência em live de RPG

Uma outra forma de ver o RPG pago são as nossas lives de RPG. Eu, por exemplo, percebi o quanto tive que evoluir como jogador para me entregar profundamente a história e ao comportamento do meu personagem.

Apesar de não estar “recebendo” para jogar, estamos numa proposta profissional e isso já faz a gente querer dar o nosso melhor, não é? Para mim, jogar em live é jogar profissionalmente, mesmo mantendo o clima leve e irreverente.

É trabalho! Trabalho exige dedicação e melhoria contínua.

Aliás, fazendo aquele jabá, se quiser assistir a evolução:

Mas, se prepare que lá vem o plot twist.

Uma mudança muda as outras

Ao jogar e mestrar de forma profissional, muda toda a nossa perspectiva e exigência. Muda aquilo que você tolera ou não na sua mesa e segrega com quem você quer jogar ou não.

Para mim, para o mestre Vitão, para o Luiz e para muitos outros a conversa é simples. Subiu a régua! Sim, subiu o nível e quando voltamos para o jogo entre amigos apenas. Que mantemos o compromisso e a responsabilidade, é impossível não fazer igual quando se é pago. A gente sabe o que é bom e fica difícil aceitar o razoável.

Como jogador eu tenho minhas anotações, que fazem link entre si, que já acessa o banco de dados do jogo para caso eu precise de uma informação ou outra. Além disso, busco entender completamente o sistema para não ficar dependendo do mestre e para ajudar os amigos.

Como mestre, percebi que também subi minha exigência comigo mesmo. Pois, agora sou exigente com qualidade e posicionamento da imagem, momento certo de entrar uma música, cuidar do visual do personagem dos jogadores, npcs e criaturas. Tudo subiu a régua. Inclusive, qual o tipo de jogador eu quero…. mesmo pagante… se não rolar alinhamento, se não tiver o mesmo fit de jogo, não vai rolar ter na mesa. O que antes eu aturava por ser amigo, etc. Hoje não aturo. Isso é bom, pois meus jogadores sabem que se estão lá, é porque eu os considero muito.

A mudança abriu portas…

A mudança abriu portas, revelou parcerias e nos mostrou um caminho claro. Evolui como mestre e jogador, inclusive, nesses últimos 3 anos, como jogador acredito que dei um salto quântico. Não pela interpretação, mas por organização e dedicação ao sistema. Eu só chegava na sessão e pronto. Hoje tenho meu check-list e estou desenvolvendo minhas fichas paralelas de informações importantes (no caso de campanhas, se é one-shot não precisa).

A experiência de jogar com bons RPGistas que se colocam para pagar e prestar serviço é interessante, é um mercado novo ainda no BR, mas maduro lá fora. As pessoas já falam abertamente sobre isso, enquanto aqui, infelizmente, ainda temos críticas. A primeira fase é a negação, não é mesmo?

Então eu aconselho você a experimentar jogar com um mestre pago. Assim como você compra um jogo na STEAM e paga por ele para jogar e dá um valor X. Se você não pagasse, daria outra nota, teria outra experiência. Estou certo?

Abra sua mente para o novo, para o RPG que tem trocas financeiras. Não pelo fato de ter ganhos ou perdas, não pelo fato de ser investimento ou custo, mas pelo fato de que jogar em mesas melhores irá elevar seu nível e trará cada vez melhores experiências para a sua vida.